As doenças crônicas não transmissíveis são um problema de saúde pública mundial devido às suas repercussões negativas na qualidade de vida da população. Dentre as doenças crônicas, a obesidade, o diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, a síndrome metabólica, as doenças cardiovasculares e o câncer estão entre as principais morbidades listadas como problema de saúde pública na atualidade. Além dos impactos relacionados à própria doença em si, existe também as conseqüências econômicas que elas geram devido às suas complicações associadas onerarem os sistemas públicos e suplementares de saúde.
Estamos vivendo um processo de transição nas condições de saúde-doença das populações, como por exemplo, a transição epidemiológica, que é marcada pela substituição da incidência de doenças infecciosas, parasitárias, carenciais e desnutrição pela substituição por doenças crônicas não transmissíveis. Ao mesmo tempo vem ocorrendo, a transição nutricional, nas últimas décadas, através das mudanças de hábitos alimentares da população, que enquanto no passado ingeria alimentos minimamente processados, como feijão, frutas, legumes e verduras, ou seja, comida de verdade, vem substituindo esses alimentos pelo crescente consumo de alimentos industrializados, fast foods, embutidos, refrigerantes, bebidas adocicadas e produtos de panificação e confeitaria.
Todo esse processo vem acontecendo juntamente ao processo de transição demográfica, marcado pela diminuição da taxa de natalidade e fecundidade, menor número de filhos e gestações, respectivamente, acarretando um progressivo aumento da população idosa, que naturalmente é mais propensa a adquirir doenças crônicas, caso tenham um estilo de vida inadequado.
O tratamento das doenças crônicas, em sua forma tradicional, através do uso crônico de medicamentos e tentativas de modificações alimentares e estilo de vida, não tem melhorado esse cenário.
Na realidade, o desafio de mudar maus hábitos de saúde não é uma tarefa fácil para o profissional de saúde e também para o paciente, já que um hábito, sendo um comportamento repetido por anos, é um desafio para ser modificado à longo prazo. E tais hábitos como, sedentarismo, tabagismo e má alimentação estão dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas.
O que se observa na prática clínica é que as abordagens tradicionais de tratamento não têm dado os resultados esperados devido à dificuldade encontrada pelas pessoas em mudarem hábitos de estilo de vida, já que é fundamental que essas modificações sejam incorporadas pelo paciente por toda a vida, de forma a reduzir, ou mesmo, prevenir complicações relacionadas às doenças crônicas.
Atualmente, diversos estudos científicos na área de neurociência, biociência, nutrição e desenvolvimento humano vêm documentando a utilização do coaching como estratégia para auxiliar no tratamento das doenças crônicas. E os resultados têm sido promissores através da documentação de resultados positivos nesses trabalhos, como mudanças no estilo de vida, maior aderência às recomendações nutricionais, maior adesão à prática de exercícios físicos e o melhor, a manutenção desses resultados à longo prazo.
Tais achados têm levado profissionais de saúde, como eu, nutricionista, a utilizar o coaching para o tratamento da obesidade e doenças crônicas de forma a trabalhar a mentalidade dos pacientes para a mudança de comportamentos, e, conseqüentemente, hábitos de vida nocivos que pioram a qualidade de vida desses indivíduos. Como a obesidade é um fator comum em muitas dessas doenças, o coaching de emagrecimento, por exemplo, auxilia de forma muito eficaz, através da perda do peso, a normalização de parâmetros clínicos e bioquímicos nesses pacientes. Com as ferramentas do coaching é possível tratar a obesidade, através do emagrecimento e outras patologias crônicas de forma eficaz e segura. Mas vale a pena destacar que somente profissionais especializados podem realizar esse tipo de intervenção, pois diagnósticos e prescrições cabem somente aos profissionais de saúde como, no meu caso, a nutrição. E posso dizer que os resultados são extraordinários, pois toda transformação de vida requer mudança de mindset, ressignificação de crenças limitantes, estratégias de comunicação eficaz e motivação para que as modificações sejam mais rápidas e duradouras.
Simone Matos
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2 thoughts on “A Aplicação do Coaching no Tratamento de Doenças Crônicas”
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