Você já deve ter ouvido essa expressão nos últimos meses: “o novo normal”. Muito se tem falado a respeito da normalidade. Mais ainda agora, em meio ao momento que vivemos.
O mundo de fato mudou? Temos que nos adaptar a uma nova realidade ou já estamos adaptados? Será que precisamos encontrar um novo jeito de ser normal? Normal é apenas deixar-se viver?
Afinal, precisa mesmo pensar tanto nisso?
Bem, refletindo de modo literal, normal, segundo o dicionário, significa: “conforme a norma; regular, que é comum e que está presente na maioria dos casos; habitual, natural, usual”.
Então, normal pode ser aquilo que todo mundo está habituado a ver ou fazer. O que nós idealizamos ou comungamos em conjunto. Isso traz ao coletivo a sensação de estabilidade, a condição de permanecermos vivos e posso arriscar aqui que é praticamente nossa própria existência!
Vivemos num momento de instabilidade mundial e, aos poucos, estamos voltando aos nossos processos, entretanto, ainda de forma tímida, o que garante que a nossa anterior rotina não voltará tão breve, ou, pode nem voltar mesmo.
Aprendemos nos últimos meses a viver em modelos que talvez não enxergássemos antes. Modelos que muitas vezes nós dissemos (a nós mesmos) que jamais conseguiríamos abrigar. Quem imaginava que conseguiria fazer tantas coisas de casa? Que seria tão criativo? Que teria tanta paciência? Que descobriria uma vida diferente e talvez até mais prazerosa?
Fomos obrigados a utilizar os meios online para quase 100% das atividades, transformamos o nosso lar em ambiente de trabalho em meio a tarefas domésticas, além do atenuante da convivência com nossos familiares reclusos, que para muitos foi um verdadeiro desafio!
E agora, o vislumbre de voltar, mesmo que seja aos poucos, ocasiona o gostoso e/ou terrível frio na barriga.
Mas por quê? Será que de novo perdemos o controle? Isso pode ser muito antagônico!
Tenho a sensação que ficar do jeito que está, visto que nos acomodamos, é mais confortável, não é mesmo?
Pense comigo, antes tínhamos uma rotina, correto? Fomos levados (creio que na verdade atropelados) a um outro padrão, com pouco tempo para aprendizado, para modelagem, praticamente apenas fizemos acontecer, porque era preciso, não tivemos escolha! E de novo, precisamos pensar em como será nosso retorno, agora a esse tal de “novo normal”.
Assustador para alguns, alívio para outros.
Mas e se pensarmos que o normal simplesmente é o agora? O hoje? Imagine que amanhã você terá de mudar de casa ou terá de comer em algum local diferente por algum motivo, isso será seu novo normal naquele momento.
E se for assim mesmo? O normal é simplesmente a sua vida. Não tem padrão, é simplesmente o que você “tem para hoje”. Ah, mas vem a dúvida, o que este ano ainda vai trazer de surpresa?
Essa situação me faz lembrar Philippe Seabra, vocalista da Plebe Rude, em sua bela canção intitulada Este Ano: “A dúvida dentro de você é medo. Este ano como nos outros esperei, que fosse tudo diferente”.
Foi e está sendo mesmo um ano diferente! Tanto que feriado virou rotina, final de semana virou dia comum e férias frustradas chegaram sem avisar. A dúvida virou mais que medo, virou fim de mundo, dormência nas pernas, obsessão por notícias. Nada do que foi planejado aconteceu. O improviso foi a bola da vez.
Mas sobrevivemos, estamos aqui e agora é pra valer, não é?
A volta. No fundo ansiamos por isso, só não podemos deixar virar doença, porque já basta a que está lá fora. Vamos transformar a ideia do novo normal como algo comum, porque é bem isso, não tem nada de diferente, apenas seres humanos se adaptando mais uma vez a novos estímulos.
Mais um jeito que encontramos de ressuscitar, de reconstruir, de ressignificar.
A boa notícia é que ficamos treinados. E que tal, no próximo texto aqui, refletirmos sobre preparação? Até o próximo café!
Elisabete Nanni
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